quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Eu fiz umas boas maluquices pra chamar tua atenção.
E quer saber? Por algum tempo você foi o mais empolgado da platéia.
Fiz mágica pra poder te ver.
Andei na corda bamba pra equilibrar nossa história.
Eu fui trapezista pra te impressionar.
E te deixar com frio na barriga. Adivinhei pensamentos seus nos meus números de mágica.
E te arranquei sorrisos lindos quando me vesti de menininha.
Nos intervalos você me apertava pela cintura atrás das coxas.
E me dava beijos com sabor de algodão doce... Com o contorcionismo levei amor dos pés a cabeça.
E com malabares eu fazia graça pra te mostrar habilidade.
A habilidade de equilibrar o amor acima do ciúme na pontinha da cumplicidade.
Eu sei, você sempre preferiu meus números sem maquiagem, sem salto, sem roupa...
E também fui artista despida.
Por você, eu era tudo.
Eu fazia qualquer número.
Você foi, por muito tempo, o MEU respeitável público...
Mas você foi embora antes que o espetáculo acabasse.
Não se importou com meu cansaço, nem com a minha dor nos pés.
Eu chorei sim, porque a razão da minha arte havia partido e levado meu coração.
Não sou artista, mas preciso de brilho.
Levanto picadeiro agora, talvez um dia eu te encontre em outro terreno, mesmo sem coração, mesmo sem amor.
Vou levar o que aprendi para onde exista um respeitável público que espere as luzes se apagarem. E que me aplauda de pé.

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