terça-feira, 21 de setembro de 2010

Não mais emudecer

Destranquei meu coração,soltei a língua ferina,arrebentei os grilhões que me acorrentavam ao proposital silêncio.
E, em meio à madrugada,como sempre faço,sai à tua procura.
Farejei os teus odores,enxerguei a tua luz,tateei o teu corpo,ouvi o teu coração,inalei os teus pudores.
Não, não sou posseira,apenas companheira.
Chego de mansinho,leio, devagarzinho, os teus versos,escondida na desilusão da vida,no disfarce do que sou e não revelo.
Estive por tempos enjaulada,fera ferida em meus instintos,no toque manipulador do querer sentir.
Vagarosamente, como corre as horas,exponho minha nudez desprotegida,não despudorada, como pensam.
Podem ser mera loucuraas palavras que traço nesta pintura,no dilema que ora esbarro,no amorfo barro que me estranha,no tecido grosso que me arranha,no fundo falso desse palco.
Incógnita?
Não, mais!
Muda?
Jamais!
Disfarçada, talvez:do instintivo anseio de acolher,a primitiva Eva em mim!

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