
Neste exato momento não desejo ser, muito menos não ser, prefiro transitar entre os dois, como um parasita banal.
Sua filosofia esta acabando com a minha, como poderia dizer?... Vida.
A vejo cada vez mais distante, como uma amante que acena o doloroso adeus da plataforma de um trem para aquele que se vai para sempre.
Mas quanta soberba, como posso me comparar à imagem tão bela, a essa amante que dedicou sua vida mesmo sabendo que haveria um adeus, sendo que eu nunca dedicaria um milésimo do meu tempo a tal aventura sem saber das mínimas conseqüências.
Você bem percebe que a ti nunca dei valor, mas quem tu valoriza? Quem te sorri e agradece todos os dias? Não vês que podem ser infames?
Como tu és iludida amiga!
Não, não quero pensar em “quem sou eu”.
Não quero saber se sou o que querem que eu seja, ou sou aquilo que sempre quis ser, mas como poderia se tu me reprimes com tua ditadura medíocre de dizer que é preciso aprender com os erros e tropeços, mas a vitória é uma lástima para ti?
Desejas que desperdicemos tempo para sempre estarmos aprendendo e colocando à prova esse aprendizado?
Mas pra que se perder em aprender se tu não és um rascunho, bem menos um ensaio e sim Commedia dell'Arte...
Sim minha Senhora, tu nada mais é, além de um improviso.
E não me chame pelo nome, não quero ser da tua corja.
Sou apenas um Ninguém, um vagabundo qualquer de sarjetas mundanas...
Não quero ser e nem deixar de sê-lo, apenas sou Ninguém que não espera, que não vê, que não sente, que não ouve, que não fala.
Nem sequer penso, por assim, descarto o existo.
Porém, apesar de tudo isso, não deixo de escrever (cada um é seu próprio animal).
Há eu sinto muito se te magôo.
Pra ser sincera, não sinto nada por ti, por que deveria se me arrebatas para o mais profundo calvário.
Libertar-me de ti, diriam os poetas, só pela Morte, e esta têm me irritado tanto com seu manto escuro e suas melodias fúnebres!
Estou demasiado cansada para decidir se vivo ou se morro, até por que, creio que nenhuma das duas vai gostar de me ter a seu lado, seja qual for o estado em que me encontrarei. Mas o que eu quero, é me libertar.